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O Paradoxo de Fermi se aprofunda com a descoberta dos exoplanetas



 Em 1943, o físico Enrico Fermi levantou a questão: se há tantas estrelas no universo (algo em torno de 100.000.000.000.000.000.000 de estrelas) as chances de alguma delas ter planetas com civilizações é muito elevada, mas não temos nenhuma evidência de vida alienígena. Então, “onde eles estão”?

Várias respostas já foram propostas para esta pergunta. A primeira era que a distância entre as estrelas é excessivamente elevada, então, o gasto energético seria muito alto para uma viagem interestelar. Ou seja, segundo os proponentes desta resposta, eles existem, mas estão longe demais... Em 1981 esta resposta foi contestada pelo astrônomo norte-americano Micheal Haart. Segundo ele, o gasto de energia só é elevado se a suposta civilização viajar em um tempo de vida “muito curto” (de alguns anos). Se a hipotética civilização for capaz de viajar por séculos, ela já poderia ter colonizado toda a galáxia em poucos milhões de anos com um gasto de energia muito menor. O paradoxo de Fermi continuava valendo!

Uma das respostas mais aceitas entre cientistas para o Paradoxo de Fermi é a teoria do ‘gargalo’. Civilizações surgem, mas se extinguem quando se tornam tecnológicas vitimadas por guerras, poluição, esgotamento de recursos naturais, etc. Elas teriam que passar por este ‘gargalo’ para não se autodestruírem. Esta resposta ganhou força com a descoberta dos exoplanetas (os planetas fora do Sistema Solar). Alguns destes planetas parecem ser habitáveis, isto é, possuem características propícias à vida tais como: orbitam estrelas estáveis, ficam dentro da zona habitável – distância na qual é possível a ocorrência de água no estado líquido – possuem uma massa nem muito elevada nem muito reduzida, possuem a densidade de um planeta rochoso e assim por diante. Planetas como Gliese 581 c (a 20,5 anos-luz de distância) ; Kepler-186 f (490 anos-luz de distância); Kepler-22b (600 anos-luz de distância); HD 40307 g (42 anos-luz de distância); HD 85512 b (35 anos-luz de distância); Tau Ceti e (11,9 anos-luz de distância); Tau Ceti f (idem) e o mais recém-descoberto Gliese 832c (a 16 anos-luz de distância), para citar apenas alguns. A lista aumenta todos os meses e a pergunta permanece: por que nunca encontramos uma evidência de vida inteligente fora da Terra?

Há algumas respostas bastante controversas. Dimitar Sasselov, professor de astronomia da universidade de Harvard nos Estados Unidos, propôs que seríamos a primeira ou uma das primeiras civilizações a surgir na galáxia e no universo. Segundo as estimativas dele, o universo teria surgido (de acordo com a teoria do Big Bang) pouco mais de 13 bilhões de anos atrás, mas um ambiente favorável à vida seria muito mais recente. A redução na quantidade de radiação na galáxia e o aumento concentração de elementos importantes para a vida – como o carbono – somente teria acontecido cerca de 7 bilhões de anos atrás, segundo ele. As primeiras evidências de formas de vida, aqui na Terra, datam de de 3,5 bilhões de anos atrás (ainda na forma unicelular). Metazoários (organismos multicelulares) somente surgiriam bilhões de anos depois. A vida inteligente, somente no último milhão de anos e a civilização tecnológica a poucos milênios. Em outras palavras, as condições para o surgimento de civilizações no universo somente teria se iniciado a poucos milhões de anos e as outras civilizações que eventualmente existissem seriam tão ‘jovens’ quanto a nossa própria civilização. Segunda esta ideia, o universo em si é jovem e a vida está brotando somente agora.

A hipótese do professor Sasselov merece algumas críticas, no entanto. Uma delas é que já foram descobertos planetas orbitando estrelas velhas (incluindo o planeta Kapteyn b potencialmente habitável e que orbita uma estrela com idade estimada em 11,5 bilhões de anos, muito mais velha do que o nosso sol cuja idade é estimada em 5 bilhões de anos). A proposta também foi considerada um tanto chauvinista por alguns pesquisadores, afinal, por que a vida – se ela existir fora da Terra - teria que se desenvolver da mesma forma em todos os planetas? Há ainda a hipótese da Terra Rara, de que há poucos planetas capazes de abrigar vida no universo – desacreditada com a descoberta dos últimos exoplanetas. E há também a altamente esdrúxula teoria do zoo – a qual considera que as outras civilizações existem, mas estão evitando intencionalmente o contato com a nossa civilização. Evidentemente, esta última hipótese nunca teve muito apoio no meio científico.

Nos últimos anos, com tantos planetas sendo descobertos, a hipótese do gargalho ganhou mais apoiadores. E muitos consideram que, assim como as hipotéticas civilizações extraterrestres, nós também vamos nos auto aniquilar com guerras. poluição e com uma mudança climática catastrófica diante da inércia política. Para os defensores desta ideia, certamente a corrupção e incompetência política devem ser fenômenos comuns em nossa galáxia. ( Com informações do Dr. Adão Lincon)

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