O movimento estudantil e seu papel na criação do Tocantins



Na semana em que o Estado do Tocantins comemora 25 anos, a Universidade Federal do Tocantins está fazendo uma série de matérias ligadas ao assunto, com diferentes focos. Na matéria de hoje você vai conhecer um pouco mais sobre o movimento estudantil e seu papel na criação do estado. As informações são frutos da dissertação de mestrado da professora Jocyléia Santana, que realizou uma pesquisa nos anos de 1994 a 1996, resultando em um livro - O sonho de uma geração: o movimento estudantil em Goiás e Tocantins.

Em sua pesquisa, ela aborda a trajetória da Casa do Estudante do Norte Goiano (Cenog), no período de 1959 a 1968. O movimento que nasceu em Pedro Afonso e expandindo-se por outras cidades goianas tinha finalidades assistencialistas e declarava-se de caráter apolítico; com o passar do tempo, terminou incorporando e liderando a causa separatista. O lema do grupo era Tudo pela redenção do Norte Goiano e um dos seus objetivos era emancipar a porção setentrional do Estado de Goiás.

Santana explica que essa entidade estudantil acabou se caracterizando em uma escola de formação política para os estudantes e os movimentos sociais da região. “A Cenog foi uma importante precursora no processo político de separatismo do sul de Goiás com o norte, atual estado do Tocantins”, destaca ela.

Para conseguir descobrir tudo que acontecia naquela época, a pesquisadora entrevistou membros da Cenog e visitou as câmaras municipais de Porto Nacional, Gurupi e Araguaína, para obter informações. Com tudo isso, ela pode conhecer um pouco mais sobre a história do movimento.


(Foto: Arquivo da pesquisadora)

Nos anos 60, as principais cidades do Norte goiano estavam localizadas às margens dos rios Araguaia e Tocantins, como Pedro Afonso, Porto Nacional e Araguacema. Na época, a BR-153 ainda não havia sido construída; os trabalhos de construção só iniciaram nos anos 70. Por isso, o movimento estudantil saía de Pedro Afonso para lutar por moradia, por escolas, por universidades – não existiam universidades no norte goiano – elas só vieram nos anos 90.

Nesse período vários congressos foram realizados em Porto Nacional, Tocantínia e Araguacema, chegando a reunir mais de 800 mil jovens, que mudou a história do Estado, por juntos terem fundado a Conorte (Comissão de Estudos dos Problemas do Norte). E foi a Conorte quem deu continuidade a esse “grito” dos estudantes, que tornaram-se profissionais liberais e estavam se juntando de forma organizada, agora com recursos disponíveis, fazendo revistas e panfletos em defesa do movimento separatista.

A luta foi árdua, o movimento estudantil, que passava pelo contexto da ditadura militar, manteve seu ideário e lutou por liberdade, gerando o lema da época: Dividir para Progredir. Deu certo! Se você quiser saber ainda mais sobre o assunto, leia o livro “O sonho de uma Geração: o movimento estudantil- Goiás e Tocantins”, de 2007, da editora UCG.

Sobre a pesquisadora - Jocyléia Santana é doutora em História, mora em Palmas (TO), testemunhou os feitos da emancipação da região em 1988. Graduou-se em História pela Universidade Católica de Goiás (1991), tendo participado do projeto interinstitucional Movimento Estudantil em Goiás: trinta anos de história como bolsista Pibic/UCG/CNPq.

Deu continuidade ao intento de pesquisadora ao desenvolver dissertação de Mestrado e tese de Doutorado, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior(CAPES), na Universidade Federal de Pernambuco. É co-autora do livro A (trans)formação histórica do Tocantins (Ed. da UCG) e atualmente é Coordenadora do Mestrado em Educação da UFT e Avaliadora do MEC/INEP. Atualmente prepara um livro sobre a história da televisão no Tocantins. (Universidade Federal do Tocantins | Diretoria de Comunicação (Dicom)

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