Empreendedorismo

Chef empreendedora que ganhou prêmio nacional é do Tocantins

Redação noVitrine/ Keven Lopes


Chef de cozinha Ruth Almeida segurando a estatueta estadual, ganhada em 2018, e a nacional, 2021, do Prêmio Dólmã de
Gastronomia. Foto: Keven Lopes 


A chef de cozinha Ruth Almeida recebeu sua estatueta de melhor chef do Brasil pelo Prêmio Nacional Dólmã de Gastronomia 2021. Hoje, além de chef, Ruth trabalha com o empreendedorismo social, isto é, "o mesmo que faço no restaurante, ensino para as comunidades quilombolas”, pontua a Chef.

Conforme o Coordenador Nacional do Prêmio Nacional Dólmã, Geraldo Guerra, a comissão dos internautas tem o peso de 30%. Já a comissão dos chefs embaixadores, vencedores nas edições anteriores, tem o peso de 50% e a comissão dos chefs indicados, na qual os mesmos que concorrem votam em outros chefs, tem o peso de 20%.

Apesar de Ruth Almeida empatar na comissão de maior peso, ficando com 25% dos votos, a chef se destacou nas outras duas comissões, sendo a mais votada pelos internautas e chefs indicados, com 30% e 20%, respectivamente. A chef maranhense radicada no Tocantins venceu com a soma de 75% do total geral de votos.


Cultura Gastronômica do Tocantins

Com a oportunidade, a ex-quebradeira de coco apresentou seus trabalhos de gastronomia de inclusão social nas comunidades quilombolas e festivais gastronômicos, além do seu livro “Raízes Gastronômicas do Tocantins", que exalta a culinária regional.

“No livro, eu venho valorizando o coco babaçu, o barú, os peixes de rios, as técnicas indígenas, ingredientes dos quilombos, enfim, a história do nosso povo é transformada em comida”, conta.

A história do Brasil é marcada pela miscigenação de povos e suas manifestações culturais, e a alimentação está impregnada nesse processo. Neste cenário, surge o Tocantins, um estado com uma cultura heterogênea e diversificada, no que diz respeito à gastronomia e hábitos alimentares.

Com essa diversificação cultural, em 2017, o então governador do Tocantins, Marcelo Miranda, sancionou a Lei nº 3.253, de 31 de julho de 2017, reconhecendo a importância dos pratos típicos, como o Chambari, a Buchada e a Paçoca de Carne Seca, como símbolos e formas de expressão cultural e gastronômica do Tocantins.

Conforme uma pesquisa publicada no artigo “Gastronomia e cultura: desvendando a culinária típica de Palmas/Tocantins”, de Veruska Chemet Dutra, Valeska América de Sousa Felizardo, Geruza Aline Aline Erig e Ivina Carvalho da Silva, os pratos da Lei correspondem as iguarias consumidas no estado, principalmente no interior, advindas da região nordeste do país.

Segundo o artigo, Palmas ainda tem uma gastronomia em formação, bem como a própria cidade. Embora a capital seja banhada por rio, a presença de peixe na mesa dos palmenses é menor em relação à carne vermelha. O que se destaca nas refeições dos entrevistados são o arroz, o feijão, o ovo e o cuscuz, além de frutas e verduras.

Ainda conforme a pesquisa, 87% dos entrevistados consideram a alimentação uma forma de manifestar a cultura, algo também defendido pela chef premiada. “Para mim, a gastronomia é a maior manifestação cultural de um povo”, ressalta Ruth Almeida.


Quem é esta chef premiada?


A chef de cozinha Ruth Almeida, de 46 anos, começou sua carreira como palestrante, pesquisadora e consultora da culinária afro-indigena há pouco mais de 6 anos. Desde criança, seu sonho era sair do anonimato, ser reconhecida e mudar a realidade dos pais agricultores e analfabetos.

Sua principal inspiração era a própria mãe, que segundo ela tinha “o paladar refinado”. Aos 14 anos, Ruth Almeida saiu de casa, em Porto Franco, Maranhão, para se casar e morar na região do Bico do Papagaio, Tocantins, e trabalhar como quebradeira de coco.

Aos 17 anos, ela se mudou para Palmas, trabalhou como merendeira, cozinheira em hotéis, até que, motivada pelos seus próprios filhos, participou do reality show de gastronomia no programa GNT, em São Paulo. O programa de TV a motivou a abrir seu próprio restaurante, o Raízes Gastronômicas, com receitas e identidade gastronômica autêntica, que lembrasse sua própria origem. 

Confira o vídeo da história de Ruth Almeida clicando aqui

 
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